QUESTIONÁRIO DE MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DE MAL ESTAR[1]
José Luis Pais Ribeiro
Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação
O objectivo da construção do Questionário de
Manifestações Físicas de Mal Estar (QMFME) foi de desenvolver uma lista de
manifestações físicas susceptíveis de exprimir mal-estar em indivíduos que não
padecem de qualquer doença. A utilização privilegiada deste instrumento é a
investigação.
Para além desta função
descritiva poderá ser usado como forma de rastreio na avaliação de perturbações
somatoformes ou outras. Assim, no âmbito de um rastreio, na ausência de
explicações para valores elevados, inesperados ou estranhos, de manifestações
físicas, que exprimam mal estar, os sujeitos deverão ser referidos para
diagnóstico no sistema de cuidados de saúde.
Reus (1998) refere 5%
de prevalência de queixas somáticas na população, com o início antes dos 30
anos e sendo persistente.
O mal-estar físico
exprime que algo vai mal com o indivíduo. Este pode corresponder a sintomas de
alguma patologia que uma vez curada desaparecem, pode ser expressão de pressão
da vida do dia a dia ou de acontecimentos de vida, pode ser manifestações de
preocupações pessoais, de qualquer característica de personalidade, etc.
Se no início
essas manifestações são passageiras elas podem, com o passar do tempo, com a
repetição do fenómeno, tornar-se, por si próprias, fontes de stress e gerar,
por sua vez, ou acentuar novas manifestações de mal-estar.
Têm sido
desenvolvidos questionários de avaliação de sintomas. Um dos mais conhecidos é
o Symptom Checklist (SCL) de 90 itens. Este é um dos vários questionários que
se propõem avaliar sintomas (embora não dominantemente somatoformes). A versão
de 90 itens desenvolvida por Derogatis, Rickels e Rock (1977) é a mais
conhecida embora existam versões reduzidas de 58 e 35 itens. A mais recente
desenvolvida pelos mesmos autores é conhecida como Brief Symptom Inventory
e inclui 53 itens. O SCL é constituído por itens que, com base na opinião
clínica, reflectem sintomas primários que estão subjacentes à maioria das
perturbações psiquiátricas. Trata-se de uma escala que apresenta correlações entre
0,40 e 0,75 com o Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI). Trata-se,
portanto, de um instrumento desenvolvido para o domínio da psicopatologia.
O QMFME, que
vai ser apresentado neste estudo, baseia-se no Psychosomatic Symptom
Checklist (SUNYA) (Attanasio, Andrasik, Blanchard, & Arena, 1984). Este
questionário é também conhecido por SUNYA, devido ao facto de a população que
serviu de base ao estabelecimento das propriedades métricas do questionário ser
estudante de SUNY em Albany, New York.
O questionário
desenvolvido por estes autores, é uma escala de auto-resposta que contém 17
itens, cada um descrevendo queixas psicossomáticas ou somatoformes usuais. Os
indivíduos devem responder a cada item de duas maneiras distintas: quanto à
frequência com que experimentam a ocorrência e quanto à intensidade. Produz-se
assim uma nota composta, resultante da soma do produto da frequência pela
intensidade.
A versão do
questionário referido baseia-se por sua vez, e mais especificamente, na
produzida por Cox, Freundlich e Meyer (1975): foi construída com base numa
amostra de uma população estudantil que, numa avaliação de rastreio preliminar,
não apresentava perturbações psicossomáticas. Este estudo foi o primeiro a
estabelecer as propriedades psicométricas do questionário. O mesmo
questionário, passado a populações sofrendo de doenças crónicas não manifesta
as mesmas propriedades métricas (Chibnall & Tait, 1989), pelo que, em
populações deste tipo, deve ser usado com prudência .
À versão
utilizada no presente estudo foram acrescentados itens provenientes da escala
de Physical Simptoms de Mechanic e Hansell (1987). Esta lista de
sintomas foi desenvolvida por Mechanic (1980) como indicador de bem-estar, e
incluía as queixas físicas mais frequentes. A lista de Mechanic e Hansell
contém 12 itens dos quais cinco são partilhados pelo SUNYA. Os sete itens não
comuns foram acrescentadas ao questionário utilizado no estudo apresentado
aqui. A escala ficou, então, com 24 itens que, após análise do estudo piloto,
ficou reduzida a 19 (ver anexo).
Dos itens
retirados após o estudo piloto quatro pertenciam à lista de sintomas físicos
pelo que somente permaneceram três da lista original de Mechanic (1980), mais
16 da lista original de Attanasio et al. (1984).
Os itens do QMFME são ”correlatos” ao invés de
"indícios" ou "amostras" de comportamento (Ribeiro, 1999),
o seja, as pessoas que dão estas respostas possuem determinadas características
que devem ser estudadas. Se fossem indícios elas evidenciariam determinada
característica da personalidade, o que não é o caso. Se fossem amostras seria a
própria resposta que deveria ser tratada.
Os indivíduos
respondem, assinalando numa escala de seis pontos para a frequência (5- ocorre
diariamente; 4- ocorre várias vezes por semana; 3- ocorre cerca de uma vez por
semana; 2- ocorre cerca de uma vez por mês; 1- ocorre menos de uma vez por mês;
0-nunca ocorre), e numa de cinco para a intensidade (4- é extremamente incómodo
quando ocorre; 3- muito incómodo quando ocorre; 2- moderadamente incómodo
quando ocorre; 1- ligeiramente incómodo quando ocorre; 0- não é problema).
A noção de
sintomas psicossomáticos desapareceu do Diagnostic and Statistical Manual
(DSM) devido à conotação que a teoria psicossomática tinha com as teorias
psicanalíticas. Foi substituída pela noção de perturbações somatoformes.
Segundo o DSM IV as perturbações somatoformes caracterizam-se pela presença de
sintomas físicos ou perturbações corporais inexplicáveis. No DSM IV as
perturbações de somatização implicam, entre outros: quatro sintomas de dor
relacionados com quatro regiões ou funções diferentes; dois sintomas
gastrointestinais que não sejam dor (como náusea, diarreia, ou vómitos); um
sintoma sexual (como indiferença sexual, ou disfunção ejaculatória); um sintoma
pseudoneurológico que não seja dor (como afonia, dificuldade de coordenação ou
de equilíbrio).
A cotação
faz-se em duas fases.
1- Primeiro
multiplica-se a frequência de um sintoma pela intensidade desse sintoma
Se, por
exemplo, para o sintoma de frequência de 1 (SF1), o respondente assinalava na
posição 3 (ocorre cerca de uma vez por semana), e na posição 2 para a
intensidade da ocorrência (SI1) (moderadamente incómodo quando ocorre), o
resultado total (ST) para o sintoma ST1 seria igual a 6 (3X2=6).
2- Em segundo
lugar somam-se os itens de cada uma das dimensões (a estrutura dimensional será
descrita a seguir) para obter a nota de cada dimensão, e somam-se a totalidade
dos itens para obter a nota total da escala. Valores mais elevados, quer por
dimensão quer no total, significa mais mal-estar.
Se se
pretender organizar um perfil de somatização, então às operações anteriores uma
terceira operação. Deve-se dividir o resultado da soma pelo número de itens que
compõem cada dimensão, ou seja por 6, por 5 ou por quatro, consoante a dimensão
em jogo. Deste modo é possível comparar a nota das diversas dimensões para
identificar ou descrever a que é dominante no indivíduo.
Para
identificar a dimensionalidade da escala procedeu-se à Análise de Componentes
Principais. Segundo Dawis (1987) e Tabachnick e Fidell, 1996, a Análise de
Componentes Principais é a solução ideal como primeira abordagem da análise
factorial. A análise factorial é um método que visa facilitar a interpretação
de um conjunto de dados: perante um conjunto N de itens. Verifica as
intercorrelações supondo que estão presentes um conjunto de variáveis latentes,
ou factores comuns, aos quais deverá ser atribuído significado. Chega-se assim
a um número mínimo de conceitos (factores) que explicam maximamente a variância
comum. Estes factores construtos hipotéticos, ou teorias dão sentido, e ajudam
a interpretar os dados.
A análise
factorial utilizada para explorar e definir o QMFME aponta para quatro grandes
tipos de manifestações ou de sintomas, que parem expressar-se através de
diferentes sistemas orgânicos, denominados de, “Sistema Nervoso”, que inclui
itens que exprimem a manifestação de sintomas físicos como "fadiga";
“Sistema Respiratório” que inclui itens que exprimem a manifestação de sintomas
como "dores de garganta" ou "tosse"; “Sistema Muscular” que
inclui itens como "dores nas costas" e; “Sistema Digestivo” que
inclui itens como "dores de estômago".
Objectivo
do estudo
O objectivo do
presente estudo é construir uma escala de quantificação de sintomas
somatoformes que sejam susceptíveis de expressar mal-estar físico.
Método
O estudo de
adaptação passou por vários momentos a) tradução e adaptação lexical e funcional
do questionário, b) exploração cognitiva, c) construção da forma final, d)
estudo piloto, e) análise dos resultados do estudo piloto, f) construção da
versão final, g) passagem à amostra grande.
Os
participantes constituem uma amostra de conveniência tanto no estudo piloto
como no estudo final.
Estudo piloto
- 128 sujeitos preencheram o questionário: 108 indivíduos (85%) eram do sexo
feminino e 19 (15%) do masculino; a idade média dos indivíduos do sexo feminino
era de 22,53 anos ± 0,23 (entre 18 e 30); a idade média dos indivíduos do sexo
masculino era de 23,78 anos ± 2,65 (entre 20 e 30);
Estudo final-
Participaram 609 pessoas. A amostra de respondentes era constituída por 47% de
indivíduos do sexo masculino (idade M= 19,99 DP=3,87; entre 16 e
41 anos ) e 53% do sexo feminino (idade M= 19,79 DP= 3,09; entre
16 e 30 anos de idade).
Material do estudo piloto
O questionário do estudo piloto incluía 24 itens que expressavam
manifestações comuns de mal-estar.
Durante o estudo piloto foi realizada uma análise preliminar da
distribuição das respostas a cada item. A análise realizada visou identificar
os itens que não tinham uma função discriminativa, para depois os retirar do
inventário. contribuem para uma nota total, de tal modo que, um item que receba
como resposta "nunca ocorre" pela quase totalidade da amostra não tem
nenhuma função no questionário. Retirar estes itens torna o questionário mais
pequeno, um dos objectivos do tratamento do questionário realizado no estudo
piloto.
Após esta análise foram retirados 5 itens que, segundo a amostra do
estudo piloto, nunca ocorriam respectivamente em 98, 96, 92, 98 e 91% da
população. Quando se inspeccionava a segunda alternativa de resposta (ocorria
menos de uma vez por mês) a percentagem passava a 99, 98, 98, 100 e 98%. Ou
seja decidiu-se que tão baixa prevalência de manifestações destes itens eles
eram redundantes.
O questionário ficou, assim, reduzido a 19 itens. Dos cinco itens
retirados quatro pertenciam ao Physical Simptoms de Mechanic e Hansell
(1987) e um ao Psychosomatic Symptom Checklist (PSC) de Attanasio,
Andrasik, Blanchard, e Arena, (1984).
Para analisar a
organização das manifestações físicas de mal-estar, procedeu-se (como se
referiu acima) à ACP. A solução factorial encontrada explicava 47,01% da
variância e encontrou quatro factores, cuja carga factorial é apresentada no
quadro 1. O primeiro factor explica 26,6% da variância total e 56,47 da comum,
o segundo 8,9 e 19,26, o terceiro 6,0 e 15,94, e o quarto 5,6 e 12,27.
Os factores
parecem agrupar itens que caracterizam os diversos sistemas corporais: Sistema
Nervoso, Sistema Respiratório, Sistema Muscular e Sistema Digestivo. A
consistência interna (Alfa de Cronbach) dos diversos factores é a seguinte:
para factor Sistema Nervoso o valor da consistência interna é alfa=0,80; para o
factor Sistema Respiratório, alfa= 0,55; para o factor Sistema Muscular,
alfa=0,60; para o factor Sistema Digestivo, alfa=0,58. O Alfa de Cronbach para
a escala total é de alfa=0,83. O quadro 1 sumaria os resultados da análise
factorial.
QUADRO 1- Carga factorial
dos itens
itens |
SN |
SR |
SM |
SD |
ST6 |
0,75 |
|
|
|
ST8 |
0,73 |
|
|
|
ST5 |
0,69 |
|
|
|
ST4 |
0,64 |
|
|
|
ST9 |
0,60 |
|
|
|
ST13 |
0,52 |
|
|
|
ST19 |
|
0,75 |
|
|
ST17 |
|
0,61 |
|
|
ST16 |
|
0,56 |
|
|
ST15 |
|
0,48 |
(0,44) |
|
ST18 |
|
0.44 |
|
|
ST2 |
|
|
0,72 |
|
ST10 |
|
|
0,54 |
|
ST14 |
|
|
0,50 |
|
ST1 |
|
|
0,41 |
|
ST7 |
|
|
|
0,68 |
ST11 |
|
|
|
0,61 |
ST3 |
|
|
(0,43) |
0,58 |
ST12 |
(0,44) |
|
|
0,48 |
eigenvalue |
5,05 |
1,68 |
1,14 |
1,06 |
% variância |
26,60 |
8,90 |
6,01 |
5,60 |
SN-manifestações de mal-estar do tipo geral; SR-
manifestações de mal-estar a nível do sistema respiratório; SM-manifestações de
mal-estar a nível do sistema muscular; SD-manifestações de mal-estar a nível do
sistema digestivo.
No quadro incluíram-se somente os itens com
carga factorial acima de 0,40. Dois itens apresentam carga factorial acima de
0,40 noutros dois factores (itens 12 e 15).
Embora os itens do questionário tenham sido
considerados como "correlatos", cada um por si também pode ser
considerado "amostra". Por esta razão não será retirado nenhum item.
A correlação
entre os factores do questionário de manifestações físicas de mal-estar é
apresentada no quadro 2.
QUADRO
2- Correlação entre a escala total e as sub-escalas do questionário de
manifestações físicas de mal-estar
|
ETOTAL |
SN |
SR |
SM |
SD |
SN |
0,75 |
- |
0,28 |
0,52 |
0,52 |
SR |
0,56 |
|
|
0,36 |
0,28 |
SM |
0,73 |
|
|
|
0,46 |
SD |
0,65 |
|
|
|
|
ETOTAL-
nota da escala total; SN-manifestações de mal-estar do tipo geral; SR-
manifestações de mal-estar a nível do sistema respiratório; SM-manifestações de
mal-estar a nível do sistema muscular; SD-manifestações de mal-estar a nível do
sistema digestivo.
A análise do
quadro anterior mostra que a dimensão que explica melhor a variância da escala
total é a dimensão “sistema nervoso”, seguida do “sistema muscular”, a primeira
explicando cerca de 70% da variância total e a segunda explicando cerca de 60%
dessa variância.
A correlação entre os itens que compõem cada uma das quatro dimensões
do questionário permite identificar a existência de redundância. Esta define-se
pela existência de dois itens que medem exactamente a mesma coisa e que têm o
mesmo conteúdo. Redundância máxima seria incluir dois itens com a mesma
formulação.
Assumimos como critério de redundância uma correlação entre dois itens
superior a 0,90. Um valor deste tipo é susceptível de falsificar os resultados
totais do questionário.
Quando encontramos tal valor a) inspeccionamos o enunciado dos dois
itens, b)se o enunciado for semelhante como sugere a correlação elevada, um
deles deverá ser retirado.
O critério para decidir qual o item a retirar baseia-se a) na inspecção
lexical (ou do conteúdo) dos itens, b) na distribuição das respostas que deve
ser feita pela totalidade das possibilidades de resposta, c) na verificação da
normalidade da distribuição com um teste do tipo Kolmogorov-Smirnov, d) na
correlação do item com cada um dos outros da dimensão a que pertence, e) na
análise da correlação com a soma dos itens da dimensão a que ele pertendce (ele
excluído dessa soma) (validade convergente), f) na comparação do valor anterior
com a correlação com as restantes dimensões ou sub-escalas que compõem o teste
(validade discriminante).
Consoante estes resultados assim se decidirá qual o item a retirar. Nos
quadros seguintes mostram-se os valores de redundância.
O quadro 3 mostra a correlação inter itens da dimensão “Sistema
Nervoso”
Quadro 3- Correlação entre
itens da dimensão “sistema nervoso”
|
ST4 |
ST5 |
ST6 |
ST8 |
ST9 |
ST13 |
ST4 |
- |
0,37 |
0,38 |
0,37 |
0,33 |
0,20 |
ST5 |
|
|
0,52 |
0,53 |
0,29 |
0,52 |
ST6 |
|
|
|
0,56 |
0,34 |
0,40 |
ST8 |
|
|
|
|
0,41 |
0,42 |
ST9 |
|
|
|
|
|
0,30 |
ST13 |
|
|
|
|
|
- |
ST- itens da
dimensão sistema nervoso
A inspecção do quadro mostra que as
correlações entre os itens da dimensão “Sistema Nervoso” são moderadas.
O quadro 4 mostra a correlação inter itens da dimensão “Sistema
Respiratório”
Quadro 4-
Correlação entre itens da dimensão “Sistema Respiratório”
|
ST15 |
ST16 |
ST17 |
ST18 |
ST19 |
ST15 |
- |
0,33 |
0,12 |
0,16 |
0,31 |
ST16 |
|
|
0,20 |
0,11 |
0,30 |
ST17 |
|
|
|
0,12 |
0,32 |
ST18 |
|
|
|
|
0,22 |
ST19 |
|
|
|
|
|
ST- itens da dimensão Sistema Respiratório
A inspecção do quadro mostra que as correlações entre os itens da
dimensão “Sistema Respiratório” são moderadas a baixas, principalmente os itens
17 e 18, o que pode recomendar em aperfeiçoamentos futuros a revisão destes
itens.
O quadro 5 mostra a correlação inter itens da dimensão “Sistema
Muscular”
Quadro 5-
Correlação entre itens da dimensão “Sistema Muscular”
|
ST1 |
ST2 |
ST10 |
ST14 |
ST1 |
- |
0,25 |
0,34 |
0,14 |
ST2 |
|
|
0,31 |
0,29 |
ST10 |
|
|
|
0,29 |
ST14 |
|
|
|
- |
ST- itens da
dimensão Sistema Muscular
A inspecção do quadro mostra que as correlações entre os itens da
dimensão “Sistema Muscular” são moderadas a baixas.
O quadro 6 mostra a correlação inter itens da dimensão “Sistema
Digestivo”
Quadro 6-
Correlação entre itens da dimensão “Sistema Digestivo”
|
ST3 |
ST7 |
ST11 |
ST12 |
ST3 |
- |
0,25 |
0,25 |
0,20 |
ST7 |
|
|
0,25 |
0,33 |
ST11 |
|
|
|
0,30 |
ST12 |
|
|
|
- |
ST- itens da
dimensão Sistema Digestivo
A inspecção do quadro mostra que as correlações entre os itens da
dimensão “Sistema Digestivo” são moderadas a baixas.
Em conclusão, a análise da redundância
dos itens não mostra a existência de itens sobrepostos. O que se verifica, pelo
contrário, é a tendência para correlações baixas o que já se tinha deduzido
pela análise dos coeficientes de consistência interna. No entanto, pelo facto
de, formalmente, os itens serem considerados amostras de comportamento em vez
de indícios, diminui a necessidade da existência de valores de consistência
interna elevados.
Validade
A validade de conteúdo evidencia que o conteúdo dos itens avaliam os
domínios que se propõem. Ela é, basicamente, um julgamento e o modo mais usual
de identificar a análise de conteúdo é através do juízo de vários
especialistas. Ora, como o teste já existia a validade de conteúdo foi
realizada pelo autor em duas fases. Numa primeira fase através da tradução do
item e da comparação com a versão traduzida, simultaneamente, com a versão original
e com o conteúdo que era suposto o item medir. Numa Segunda fase pedindo a
juizes que verificassem o conteúdo de cada item com o que era suposto medir.
Chegou-se assim a uma versão de consenso
Este tipo de validade é um indicador de que o item mede o mesmo
construto da sub-escala ou dimensão a que pertence e não o construto de outra
dimensão do mesmo teste. Assim é esperado que um item pertencente a uma das
dimensões – por exemplo ao “sistema nervoso” - tenha uma correlação com a soma
dos restantes itens que compõem essa dimensão maior do que a correlação com as
restantes dimensões. A magnitude dessa diferença deverá ser superior a 15
pontos.
O quadro 7 mostra a correlação dos itens da dimensão “Sistema Nervoso”
com cada uma das dimensões (salienta-se que a correlação com a dimensão a que
pertence não o inclui a ele próprio na soma da nota dessa dimensão)
Quadro 7-
correlação dos itens da dimensão “Sistema Nervoso” com cada uma das dimensões
(corrigido para sobreposição).
Dimensão itens |
Sistema nervoso |
Sistema respiratório |
Sistema muscular |
Sistema digestivo |
ST4 |
0,45 |
0,13 |
0,28 |
0,25 |
ST5 |
0,64 |
0,31 |
0,48 |
0,37 |
ST6 |
0,63 |
0,16 |
0,32 |
0,39 |
ST8 |
0,66 |
0,21 |
0,41 |
0,43 |
ST9 |
0,45 |
0,12 |
0,29 |
0,28 |
ST13 |
0,51 |
0,25 |
0,44 |
0,47 |
A inspecção dos resultados mostra que todos os itens exibem uma
correlação com uma diferença substancial entre a soma dos itens da dimensão a
que pertence e as restantes dimensões.
O quadro 8 mostra a correlação dos itens da dimensão “Sistema
Respiratório” com cada uma das dimensões (a correlação com a dimensão a que
pertence não o inclui a ele próprio na soma da nota dessa dimensão)
Quadro 8-
correlação dos itens da dimensão “Sistema Respiratório” com cada uma das
dimensões (corrigido para sobreposição)..
Dimensão itens |
Sistema Nervoso |
Sistema Respiratório |
Sistema Muscular |
Sistema Digestivo |
ST15 |
0,22 |
0,35 |
0,29 |
0,22 |
ST16 |
0,19 |
0,34 |
0,24 |
0,21 |
ST17 |
0,11 |
0,29 |
0,17 |
0,13 |
ST18 |
0,18 |
0,23 |
0,19 |
0,17 |
ST19 |
0,17 |
0,45 |
0,23 |
0,16 |
A inspecção dos resultados mostra que todos os itens exibem uma
correlação com uma diferença substancial entre a soma dos itens da dimensão a
que pertence e as restantes dimensões, com excepção do item 18 que evidencia
uma magnitude menor.
O quadro 9 mostra a correlação dos itens da dimensão “Sistema Muscular”
com cada uma das dimensões (a correlação com a dimensão a que pertence não o
inclui a ele próprio na soma da nota dessa dimensão)
Quadro 9-
correlação dos itens da dimensão “Sistema Muscular” com cada uma das dimensões
(corrigido para sobreposição)..
Dimensão itens |
Sistema Nervoso |
Sistema Respiratório |
Sistema Muscular |
Sistema Digestivo |
ST1 |
0,41 |
0,18 |
0,35 |
0,31 |
ST2 |
0,31 |
0,19 |
0,40 |
0,29 |
ST10 |
0,37 |
0,28 |
0,45 |
0,36 |
ST14 |
0,32 |
0,21 |
0,34 |
0,25 |
A inspecção dos resultados mostra que o item 1 não satisfaz o critério
de que deveria ter uma correlação mais elevada com a soma dos restantes itens
que compõem a dimensão a que pertence, do que com as restantes dimensões, e que
o item 14 tem fraco poder discriminativo com a dimensão “Sistema Nervoso”. Esta
escala é fraca o que já se tinha evidenciado pela análise da consistência
interna que exibia um valor de alfa de 0,60. Na análise de componentes
principais com rotação varimax a magnitude da carga factorial do item 1 com as
dimensões “Sistema Nervoso” e “Sistema Muscular” eram muito semelhantes,
respectivamente de 0,39 e 0,41.
O quadro 10 mostra a correlação dos itens da dimensão “Sistema
Digestivo” com cada uma das dimensões (salienta-se que a correlação com a
dimensão a que pertence não o inclui a ele próprio na soma da nota dessa
dimensão)
Quadro 10-
correlação dos itens da dimensão “Sistema Digestivo” com cada uma das dimensões
(corrigido para sobreposição)..
Dimensão itens |
Sistema Nervoso |
Sistema Respiratório |
Sistema Muscular |
Sistema Digestivo |
ST3 |
0,24 |
0,11 |
0,30 |
0,32 |
ST7 |
0,35 |
0,22 |
0,26 |
0,39 |
ST11 |
0,32 |
0,21 |
0,27 |
0,37 |
ST12 |
0,51 |
0,21 |
0,40 |
0,38 |
A inspecção dos resultados mostra que o item 12 não satisfaz o critério
de que deveria ter uma correlação mais elevada com a soma dos restantes itens
que compõem a dimensão a que pertence, do que com as restantes dimensões, e que
o item 3 tem fraco poder discriminativo com a dimensão “Sistema Muscular”.
Em conclusão pode-se dizer que a QMFME, tem uma validade convergente
discriminante aceitável como teste de rastreio. Dois dos 19 itens poderiam
pertencer a outras dimensões.
A validade de construto é a validade nobre de qualquer teste. É ela que
garante que o teste mede o que se propõe medir. A validade
convergente-divergente realizada antes já fornece pistas sobre a organização do
teste, e sobre cada uma das dimensões do teste, mas não sobre a relação entre o
teste como um todo e outros testes.
Para validar o QMFME inspeccionámos a sua
correlação com outras dimensões tanto positivas como negativas, a saber: O quadro 11 sumaria as
correlações entre as quatro dimensões do QMFME (Sistema
Digestivo-SD, Sistema Muscular -SM, Sistema Nervoso-SN, e Sistema Respiratório-SR)
e o total STT, e as seguintes escalas: Auto-Conceito, Acontecimentos de Vida,
Auto Eficácia Geral, Saúde Mental, Percepção Geral de Saúde, Percepção de
Suporte Social Geral.
Quadro 11- correlação entre o QMFME e as dimensões psicológicas
referidas
|
AC |
ACON-V |
AE |
MHI |
PGS |
SSOCIAL |
SD |
-0,24 |
0,18 |
-0,25 |
-0,37 |
-0,34 |
-0,27 |
SM |
-0,20 |
0,14** |
-0,17 |
-0,29 |
-0,38 |
-0,23 |
SN |
-0,35 |
0,20 |
-0,34 |
-0,61 |
-0,46 |
-0,35 |
SR |
-0,14 |
0,19 |
-0,13** |
-0,17 |
-0,23 |
-0,04* |
STT |
-0,30 |
0,25 |
-0,31 |
-0,49 |
-0,43 |
-0,30 |
* p <0,05; **p<0,01;
para todos os não assinalados p<0,0001
SD-Sistema Digestivo; SM-, Sistema
Muscular; SN-, Sistema Nervoso; SR- Sistema Respiratório; STT- Mal-Estar Total
AC-Auto-Conceito; ACON-V-Acontecimentos
de Vida; AE- Auto Eficácia Geral; MHI-Saúde Mental; PGS- Percepção Geral de
Saúde; SSOCIAL Percepção de Suporte Social Geral
A inspecção da matriz de correlações mostra correlações moderadas a
baixas entre a maioria das dimensões, o que aponta para a especificidade desta
medida.
O sentido das correlações é o esperado, ou seja, mais acontecimentos
stressantes mais mal estar para todas as dimensões do QMFME, enquanto maior
Auto-Conceito, maior Auto-eficácia, mais Saúde Mental, melhor Percepção Geral
de Saúde, maior Percepção de Suporte Social, menos sintomas de Mal Estar.
A correlação entre as manifestações designadas como do Sistema Nervoso,
são as que exibem correlação mais elevada com a Saúde Mental.
Em conclusão, a escala apresentada - QMFME- apresenta boas propriedades
que justificam a sua utilização no campo da saúde.
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Edt.) New York: Harper & Row, Publishers.
Abaixo
encontra um conjunto de sintomas que muitas pessoas sentem com frequência na
sua vida do dia-a-dia. Assinale a frequência e a intensidade com
que esses sintomas o afectam de acordo com a escala que apresentamos de
seguida:
Valor
de Frequência Valor de Intensidade
5 |
Ocorre
diariamente |
|
4 |
É extremamente incómodo quando ocorre |
4 |
Ocorre
várias vezes por semana |
|
3 |
Muito
incómodo
quando ocorre |
3 |
Ocorre
cerca de uma vez por semana |
|
2 |
Moderadamente
incómodo
quando ocorre |
2 |
Ocorre
cerca de uma vez por mês |
|
1 |
Ligeiramente
incómodo
quando ocorre |
1 |
Ocorre
menos de uma vez por mês |
|
0 |
Não
é problema |
0 |
Nunca
ocorre |
|
|
|
|
Valor de Frequência |
Valor de Intensidade |
1-Dor
de Cabeça |
|
|
2-Dor
nas Costas |
|
|
3-Dores
no Estômago |
|
|
4-Insónia |
|
|
5-Fadiga |
|
|
6-Depressão |
|
|
7-Enjoo |
|
|
8-Tensão
Geral |
|
|
9-Palpitações
Cardíacas |
|
|
10-Dores
nos Olhos associadas à Leitura |
|
|
11-Diarreia
ou Prisão de Ventre |
|
|
12-Tonturas |
|
|
13-Fraqueza |
|
|
14-
Dores Musculares |
|
|
15-
Dores de Garganta |
|
|
16-
Tosse |
|
|
17-
Alergias |
|
|
18-
Acne ou Borbulhas |
|
|
19-
Nariz Tapado |
|
|