Amor, Medo e Poder: Percursos de Vida para a Não Violência

Financiamento
FCT-CIG

 

Referência
PIHM/VG/0016/2008

 

Investigador responsável        
Maria José Magalhães

 

Equipa de investigadores 
Ana Forte
Ana Paula Seixas
Elisabete Brasil
Ilda Maria Rodrigues Afonso
Lúcia Gomes
Maria Alexandra Dourado
Rosa Nunes
Salomé Lopes Coelho

 

Duração
01.09.2009 - 31.12.2011

 

Instituições parceiras 
União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)

 

Resumo

O projeto 'Amor, Medo e Poder: percursos de vida para a não-violência' é acerca da violência de género, especificamente no seio das relações de intimidade, em três vertentes: a avaliação dos serviços de apoio a mulheres vítimas / sobreviventes de violência doméstica; a elaboração de histórias de vida e um trabalho de conscientização; e a co-construção de redes sociais que poderão apoio, consciência e acção colectiva para a mudança social. Para além disto, na medida em que este projeto envolve experiências de mulheres de diferentes grupos etários, portuguesas e imigrantes, e de diferentes regiões de Portugal (Porto, Coimbra, Lisboa/Setúbal e Viana do Castelo), este estudo parte da investigação existente tomando como foco áreas de investigação particularmente escassas.

Dada a persistência e pervasiva ocorrência de violência doméstica em Portugal, este estudo pode constituir um contributo crítico para compreender os processos que sustêm este fenómeno, possibilitando ainda reconhecer as necessárias e possíveis intervenções para a irradicação deste problema social. Mais ainda, este estudo pode oferecer um espaço onde as vozes das mulheres podem ser expressas e ouvidas. A abordagem metodológica do estudo será fundamentalmente qualitativa. No entanto, será elaborada uma base de dados durante a primeira fase do projeto, sobretudo no que diz respeito às instituições que, directa ou indirectamente, lidam com vítimas / sobreviventes de violência doméstica (para além das instituições específicas como os centros e núcleos de atendimentos e as casas-abrigo, temos também a segurança social, os tribunais, as forças de segurança, hospitais e centros de saúde). Para além dos dados quantitativos, será efectuada uma avaliação dos serviços (casas-abrigo e centros de atendimento) utilizando, sobretudo, entrevistas individuais semi-estruturadas quer com a equipa técnica quer com as utentes destas instituições e organizações.

A segunda parte do projeto envolverá a utilização da metodologia de histórias de vida. Aqui, as mulheres serão as principais participantes/ protagonistas, com as quais e nos seus próprios termos, se pretende conhecer como vivenciaram os processos de vitimização e de construção pessoal da sua autonomia e saída da violência, assim como que problemas enfrentaram e que sugestões podem providenciar para a mudança nos métodos técnicos dos serviços de apoio.

A terceira parte do projeto centrar-se-á na conscientização, na mobilização de recursos e construção de redes sociais de apoio, assentando em grupos de discussão focalizada e nos resultados das duas primeiras linhas do projeto. Partindo do conceito de género como conceito analítico central – como se articula nas vidas quotidianas das mulheres, de que forma emerge nos processos de vitimização e autonomização; e de que forma interage com outras estruturas sociais da diferença e da identidade (idade, classe social, etnia, religião) – esta investigação oferecerá um contributo crítico da violência doméstica, no seio do contexto social, politico, cultural e histórico mais alargado, tornando possível a acção social e, em última análise, a transformação social. Incluindo as histórias de vida de vítimas / sobreviventes espera-se, igualmente, que esta pesquisa abra caminho para conhecer as experiências subjectivas de mulheres e seus dizeres acerca do amor, do medo e do poder.