Base de Dados do Projeto FIPAIF

Descrição geral da Base de dados

 

O Clima de formação em Instituições que formam profissionais de ajuda

 

Propriedade
Projeto FIPAIF – Formação Inicial de Profissionais de Ajuda e Identidades dos Formadores: o caso do Ensino e da Enfermagem

 

"Initial training of helping professionals and identities of trainers: A study of teaching and nursing ". Funded by FCT - PTDC/CPE-CED/ 113015/2009. University of Porto (CIIE-FPCEUP, Project Coordination), Polytechnic Institute of Viana do Castelo (Health School), Polytechnic Institute of Porto (School of Education). (March 2011 to September 2013). (http://www.fpce.up.pt/fipaif/)

Center for Research and Intervention in Education -CIIE.

 

Objetivos
Avaliar o clima de formação tal como é percebido pelos professores e pelos estudantes de uma dada Instituição que forma profissionais de ajuda – no caso, professores e enfermeiros - foi o objectivo maior que norteou este trabalho de recolha de dados. O seu principal foco foi o de recolher as opiniões dos professores e dos estudantes sobre o clima que experienciam durante a formação de que são agentes e destinatários. Os itens agregam-se de acordo com as seguintes dimensões: espaço e aparência física; professores; estudantes; lideranças; ambiente académico; desenvolvimento do currículo; atitude e cultura; relações com a comunidade.

A opção de estudar os climas das escolas em função das entradas referidas resultou da influência de outros instrumentos semelhantes utilizados para a avaliação do clima de escolas (Alliance for the Study of School Climate, 2011; Andrews, 1965; Brunet, 1995; Kantorova, 2009; Tableman, 2004; Tracey and Tews, 2005, entre outros),  que permitiram desenhar um referencial considerado adequado ao estudo do objecto em questão: os climas de formação de Instituições que formam profissionais de ajuda.

 

Instrumento
Para atingir tal desígnio foram construídos dois questionários, destinados a professores ou a estudantes, que apenas variavam na inclusão de informação relativa ao seu estatuto institucional.

Os questionários foram construídos de modo a poderem ser usados apenas para um determinado grupo de sujeitos educativos, ou permitindo comparações entre os dois grupos de sujeitos, ou ainda contrapondo as várias entradas associáveis ao género, à idade ou ano de curso (informação recolhida apenas para os estudantes no caso presente), apreciando comparativamente representações diversas. Permite ainda estudos de recorte, associando ao clima de formação uma outra dimensão que permita seleccionar um conjunto de itens específicos, como o que se realizou para o estudo das perspetivas éticas.

 

O questionário compõe-se de duas partes.

 

A primeira, com perguntas fechadas, destina-se a caracterizar os respondentes. Incluem-se, nesse caso, as questões correspondentes às variáveis seguintes: Escola; Estatuto; Género; Idade; Ano de Curso.

Na segunda parte, incluem-se os itens de caracterização dos climas, organizados nas entradas / dimensões antes referidas : espaço e aparência física; professores; estudantes; lideranças; ambiente académico; desenvolvimento do currículo; atitude e cultura; relações com a comunidade. Tais itens tinham a forma de escala ordinal de tipo Lickert, com 7 intervalos, categorizados como se segue:

1 – discordo totalmente; 2 – discordo; 3 – discordo ligeiramente; 4- não concordo nem discordo; 5 concordo ligeiramente; 6 – concordo; 7 – concordo totalmente.

No total, o questionário compõe-se por 76  itens.

 

O questionário foi validado por pares (incluindo duas investigadoras brasileiras que trabalham na área da formação de enfermeiros no Brasil - Profª Drª Maria Madalena Januário Leite e Doutoranda Alessandra R. Carrijo – EEUSP – BR), que o analisaram e sugeriram pequenas alterações na redação dos itens, de forma a serem mais claros para os respondentes.

 

Modo de aplicação
A passagem dos questionários em papel foi proposta a duas Instituições de formação de professores e de enfermeiros, porquanto se considerou ser a forma mais eficaz para obter o máximo de questionários preenchidos num curto espaço de tempo. No caso dos estudantes, os questionários foram preenchidos em contextos de sala de aula. No caso dos professores, o questionário foi reencaminhado por um professor de contacto aos respectivos colegas, preenchidos em contextos privados, e devolvidos pela mesma via (em envelope fechado).  

Todos os estudantes e docentes participaram voluntariamente, tendo sido informados dos objectivos do estudo e garantida a confidencialidade dos resultados. O tempo de aplicação foi pensado para um tempo médio de cerca de 20 a 30 minutos. Todavia não foi possível saber se o tempo efetivo variou destes valores.

 

Ano de validação
2012

 

Ano de aplicação
2012

 

Sujeitos inquiridos
O questionário foi aplicado em 2 Instituições, perfazendo uma amostra de conveniência de 60 professores e 318 estudantes.

 

Abrangência da população
Inicialmente propôs-se que em cada escola fosse constituída uma amostra que permitisse recolher o máximo de inquéritos possível. Na escola de Saúde esse objectivo foi praticamente atingido, o que não ocorreu na escola de formação de professores por constrangimentos de calendário escolar.

 

Publicações que mobilizaram dados desta base

 

Publicadas
Pereira, Fátima, Mouraz, Ana, Lopes, Amélia, & Sousa, Cristina (2013). Identidades situadas e climas em formação inicial de professores: Identidades profissionais em transição. In Amélia Lopes (Ed.), Formação inicial de professores e de enfermeiros: Identidades e ambientes / Teachers and nurses initial education: Identities and environments (pp.69-82). Lisboa: Mais Leituras.

Lopes, A., Mouraz, A., Pereira, F. & Sousa, R. (2013). Formação inicial de profissionais de ajuda e identidades dos formadores: o caso da enfermagem. In A. Lopes (org.), Formação Inicial de Professores e de Enfermeiros: identidades e ambientes// Teachers and nurses initial education: Identities and environments (pp. 121-134).. Lisboa: Mais Leituras.

Lopes, A., Pereira, F. & Mouraz, A. (2013). A formação inicial de profissionais de ajuda: a enfermagem e o ensino unidade e diversidade. In A. Lopes (org.), Formação Inicial de Professores e de Enfermeiros: identidades e ambientes/ / Teachers and nurses initial education: Identities and environments (pp. 169-180). Lisboa: Mais Leituras.

Lopes, A., Pereira, F. & Mouraz, A. (2013). The initial education of helping professionals: nursing and teaching unity and diversity. In A. Lopes (org.), Formação Inicial de Professores e de Enfermeiros: identidades e ambientes / / Teachers and nurses initial education: Identities and environments  (pp. 181-191). Lisboa: Mais Leituras.

 

Apresentação de Comunicações
Mouraz, Ana, Lopes, Amélia, Pereira, Fátima. Formação inicial de profissionais de ajuda e identidade dos formadores: um estudo sobre o ensino e a enfermagem. Porto, Politechnic Institut, School of Education, July, 9th , 2013.

Mouraz, A., R. Sousa, A. Pereira, P. Fernandes, E. Ferreira, Between The Profession And The Academy: Input For The Validation Of A Framework To Study Training Climates In Nursing, European Conference on Educational Research , Cádiz, Espanha, Setembro 2012.

Pereira, A. Mouraz, A., Fernandes, P., Sousa, R., Lopes, A. Formação de profissionais de ajuda no ensino superior e climas de formação: o caso da Enfermagem, Congresso Ibero-Americano de Docência Universitária Porto, Portugal, Junho 2012.

 

Descrição das Variáveis

De caracterização dos sujeitos

Escola - Variável nominal com duas hipóteses de resposta (1 - Saúde; 2 - Educação)

Estatuto - Variável nominal com duas hipóteses de resposta (1 - Professor; 2 - Estudante)

Género - Variável nominal com duas hipóteses de resposta (1 - Feminino; 2 - Masculino)

Idade - Variável de escala. Os dados referem-se à idade real dos respondentes.

Ano - Variável ordinal. Carateriza-se o ano académico frequentado pelos respondentes.

 

Relativas ao clima de formação

Cada item corresponde a uma variável e todas são ordinais, com 7 possibilidades de resposta, como é característico das escalas de tipo Lickert. Os 76 itens organizam-se pelas dimensões antes referidas.

 

Espaço e aparência física

1. O edifício é acolhedor.

2. No edifício estão espalhados “símbolos” e “cores” que identificam a escola.

3. Os estudantes estão implicados no arranjo dos espaços físicos.

4. Os professores estão implicados no arranjo dos espaços físicos.

5. Os estudantes têm espaços próprios para realizar o seu trabalho.

6. Os professores têm espaços próprios para realizar o seu trabalho.

7. O mobiliário e os equipamentos são rapidamente reparados ou substituídos.

8. Existe respeito de todos pelos espaços da escola e um sentimento de pertença

 

Professores

9. Os professores colaboram, entre si, em questões relacionadas com o ensino.

10. Os professores procuram resolver os problemas integrados em equipas de trabalho

11. Os professores sentem-se satisfeitos com o status quo das relações profissionais.

12. Os professores procuram formas de melhorar o status quo das relações profissionais.

13. Os professores revelam um elevado nível de respeito, uns pelos outros.

14. Quase todos os professores comparecem às reuniões de escola.

15. Os professores participam ativamente nos eventos realizados pela escola.

16. Os papéis de liderança são, normalmente, desempenhados por professores

17. Os professores sentem que têm estabilidade profissional.

18. Os professores sentem-se valorizados pelos órgãos de gestão da Escola.

 

Estudantes

19. Os estudantes têm sentido de comunidade.

20. A “escola” é definida pelos estudantes em função da afetividade que os liga às pessoas que a habitam.

21. Na generalidade, os estudantes respeitam-se.

22. Muitos estudantes participam nos eventos organizados pela escola.

23. Os estudantes “populares” sentem uma obrigação de utilizar o seu estatuto para servir a escola, e não apenas como um título.

24. A maioria dos estudantes sente-se protegida da violência física e simbólica.

25. A maioria dos estudantes quer ser ouvida acerca de decisões que a afectam directamente.

26. A maioria dos estudantes espera que a formação permita a relação entre a teoria e a prática profissional.

27. A maioria dos estudantes espera que o curso lhe desenvolva capacidades de aprendizagem ao longo da carreira profissional.

 

Lideranças

28. A escola tem uma missão própria que é partilhada por todos os seus membros.

29. As decisões dos órgãos de gestão da escola enraízam-se na sua missão.

30. A maioria dos membros da escola sente-se auscultada e valorizada.

31. É cultivado um sentimento de “valores partilhados”.

32. Os órgãos de gestão utilizam formas claras de identificação de necessidades institucionais.

33. Os órgãos de gestão utilizam estratégias para a tomada de decisões partilhada com os restantes membros da organização.

34. A maioria dos membros da escola tem um elevado nível de confiança e respeito pela liderança.

35. A liderança dá conta dos resultados do seu trabalho, com frequência.

36. A liderança da escola está em sintonia com a comunidade escolar.

37. Para os líderes, a qualidade do clima escolar é importante.

38. Os professores expressam apreço pelo trabalho dos líderes.

39. A liderança é algo que se sente como sendo contínua e bem coordenada.

 

Ambiente académico

40. Os regulamentos de funcionamento institucional são aplicados com consistência.

41. Os espaços de formação são locais de convivência agradável.

42. Na generalidade, os professores têm uma relação empática com os estudantes.

43. A maioria dos professores procura ir ao encontro das necessidades dos estudantes e prepara as aulas nesse sentido.

44. As relações professores – estudantes podem ser descritas como sendo de apoio e de respeito.

45. As estratégias de gestão das aulas levam a que os estudantes gradualmente se autonomizem dos professores.

46. Os professores criam, com sucesso, um ambiente de comunidade nas suas aulas.

47. Os professores têm expectativas elevadas em relação aos seus estudantes.

48. A biblioteca é um local que potencializa a aprendizagem.

 

Desenvolvimento do currículo

49. Os objetivos de avaliação são claros e atingíveis pelos estudantes.

50. O desenvolvimento do currículo promove a autonomia dos estudantes no processo de aprendizagem.

51. Os professores identificam diferentes estilos de aprendizagem, dando-lhes resposta com metodologias adequadas.

52. O currículo está bem articulado, sendo as articulações entre as diferentes unidades curriculares óbvias para os estudantes.

53. Os estudantes aprendem a trabalhar cooperativamente e como membros de equipas.

54. Aos estudantes é dada a oportunidade para, de uma forma sistemática, refletirem nos seus progressos de aprendizagem.

55. Os estudantes são vistos como os principais beneficiários da informação produzida pela avaliação, no sentido de informar o seu processo de aprendizagem.

56. Os estudantes sentem-se como futuros profissionais nas suas áreas de formação.

57. Os estudantes sentem que os conteúdos teóricos informam e se relacionam com a prática profissional.

58. A reflexão sobre os conteúdos disciplinares é uma prática frequente no desenvolvimento do currículo.

59. A reflexão ética sobre a futura profissão é uma prática frequente no desenvolvimento do currículo.

60. A investigação é muito importante na construção do processo de ensino-aprendizagem.

 

Atitude e cultura

61. Os estudantes sentem que fazem parte de uma comunidade de formação profissional.

62. Os professores sentem que fazem parte de uma comunidade de formação profissional.

63. Os estudantes sentem que estão a trabalhar para objectivos colectivos.

64. Os professores sentem que estão a trabalhar para objetivos coletivos.

65. Os estudantes referem-se à escola com termos positivos.

66. A maioria dos estudantes sente que pertence a algo de grande relevância social.

67. Após a sua graduação, os novos profissionais continuam a sentir uma forte ligação à escola.

68. A escola mantém tradições que promovem o sentimento de orgulho nos seus membros, passados e atuais, e o sentido histórico de continuidade.

69. A escola desenvolve eventos culturais para os estudantes que não estão directamente relacionados com a área de formação.

 

Relações com a comunidade

70. A escola investe activamente em parcerias com outras instituições de ensino e investigação.

71. A escola organiza regularmente ações que envolvem a comunidade profissional da sua área científica.4

72. A escola divulga com eficácia os eventos que realiza.

73. A escola desenvolve, com frequência, projetos de investigação em parceria com as instituições de acolhimento dos estágios.

74. A escola desenvolve, com frequência, projetos de âmbito profissional em parceria com as instituições de acolhimento dos estágios.

75. A escola desenvolve, com frequência, projetos de formação contínua em parceria com as instituições de acolhimento dos estágios.

76. A escola organiza regularmente ações que envolvem a comunidade da sua área de abrangência.

 

Parte da base de dados disponibilizada
Os dados encontram-se numa base de dados do Excel e serão disponibilizados dessa forma.

Para efeitos de demonstração da coerência dos dados recolhidos e da possibilidade acima referida de poder usar-se a base de dados em esquema de recorte, são disponibilizadas os dados relativos a 4 itens que, por si só, caracterizam a preocupação ética da instituição de formação patente no modo como o espaço físico é gerido.

 

Variáveis livres
Estatuto - Variável nominal com duas hipóteses de resposta (1 - Professor; 2 - Estudante)

1. O edifício é acolhedor.

5. Os estudantes têm espaços próprios para realizar o seu trabalho.

6. Os professores têm espaços próprios para realizar o seu trabalho.

7. O mobiliário e os equipamentos são rapidamente reparados ou substituídos.

 

Todas as restantes variáveis serão disponibilizadas mediante registo e solicitação específica.

 

Referências
Alliance for the Study of School Climate© 2011, School Climate Quality Analytic Assessment Instrument Charter College of Education, CSULA

Andrews, J.H.M. (1965). School organizational climate: Some validity studies. Canadian Education and Research Digest. 5. 317-334.

Brunet, Luc (1995). Clima de trabalho e eficácia da escola, in NÓVOA, A. (ed.): As organizações escolares em análise. Lisboa, Dom Quixote.

Kantorova, Jana (2009). The School Climate – Theoretical Principles and Research from the Perspective of Students,Teachers and Parents.  Odgojne znanosti. 11 ( 1), 183-189.

Tableman, B. (2004). School  climate and learning. Best Practices Briefs, 31. University-Community Partnerships@Michigan State University.

Tracey, J.B. and Tews, M.J. (2005) Construct validity of a general training climate scale. Organizational Research Methods, 8, 353-374.