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O PROJETO

A violência de género contra mulheres e meninas é reconhecida como uma questão de direitos humanos e um problema de saúde publica. Os custos humanos, económicos e sociais têm sido amplamente demonstrados e, durante décadas, têm sido feitos esforços no sentido de promover a proteção a vítimas e responsabilização dos ofensores (incluindo programas de reeducação). Se a violência doméstica contra mulheres afeta um terço das mulheres adultas (FRA, 2015), estudos recentes revelam que a violência no namoro atinge 25% das jovens, o que evidencia a sua reprodução geracional, o que justifica a prevenção primária da violência. Desde 2004, vários apelos à prevenção primária (Rosewater, 2004) reforçam as escolas como locais privilegiados para a intervenção. Estes programas estão a aumentar nos diversos países com uma diversidade de profissionais a intervir em contexto escolar - forças de segurança, profissionais de saúde, ativistas e docentes. Ainda assim, a avaliação desta intervenção é escassa e mais ainda do impacto a longo prazo. A VG e a VAWG estão incorporadas na estrutura social e nas premissas culturais (Hagemann-White 1998; Michalski 2004; Magalhães 2007). Estudos feministas sobre a violência perpetrada por homens tem estudado as interseções entre o género e outras variáveis como a classe social, 'raça' e nacionalidade (Crenshaw, 1997; Sokoloff & Dupont, 2005; Sokoloff, 2005; Pease & Rees, 2008; Kelly & Rehman, 2012). Os programas de promoção da mudança têm de ser direcionados à complexidade do problema da violência de género.

O projeto BO(U)NDS pretende realizar um estudo longitudinal com base numa metodologia mista e na comparação hermenêutica entre Portugal, Alemanha, Reino Unido, Grécia e Brasil. Os pressupostos são de que um programa de intervenção na escola com crianças, adolescentes e jovens é mais eficaz e tem efeitos a longo prazo se os conteúdos focarem as bases estruturais e culturais de género e violência doméstica, se forem adequados ao desenvolvimento da criança e se usarem abordagens pedagógicas holísticas e criativas. As intervenções nas escolas podem ser baseadas em ações normativas, ações afirmativas ou ações transformadoras (Arnot 2009).

O projeto BO(U)NDS pretende compreender de forma aprofundada sobre o que funciona na prevenção primária para ter efeitos a longo prazo na vida dos/as jovens. Com base em grupos focais e narrativas biográficas com jovens que já frequentaram, recentemente e há mais de cinco anos, programas de prevenção de violência de género em contexto escolar, pretende-se compreender quais são os obstáculos e os sucessos da integração dos valores de não violência e igualdade de género na vida destes/as.

Concomitantemente, professores/as, facilitadores/as e decisores/as de políticas educacionais serão questionados/as sobre as dificuldades e possibilidades de implementar programas holísticos, sistemáticos e eficazes de prevenção de violência de género em escolas.

 

Palavras-chave:
Educação; Estudo de follow-up; Prevenção; Violência de género.

​Financiamento:
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, IP (FCT)

Referência:
PTDC/SOC-ASO/31027/2017

Instituição Coordenadora:
CIIE/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

Instituições Parceiras:
ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa
UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta

 

 

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